terça-feira, 6 de maio de 2008
título
retrato de uma princesa desconhecida
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
para atravessar contigo....
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Eu gostei imenso deste poema ´´para atravessar contigo´´ porque a poetisa descreve o amor como a luz no final do túnel. Com uma pessoa amada não temos medo de de um mundo cheio de mentiras e injustiças, de tanta dor e sofrimento.... Mas para sermos felizes primeiro temos que lutar pelo nosso destino, enfrentar a vida dura que temos a nossa frente para alcançar o nosso objectivo: Felicidade!!!! Na primeira quadra nós podemos ver como a poetisa descreve o seu amor e diz que ao lado da pessoa amada ela enfrentará o mundo, vai perder o medo de viver, juntos vão vencer a morte.... Na segunda quadra ela diz que pelo seu amor ela deixa a sua vida, o paraíso , e começa a viver de novo, vai aprender viver uma vida dura mas sem medo, porque o amor vence tudo dá-nos força para continuar a lutar. Nesta quadra, ela refere tudo o que deixou, tudo o que era bom, todas as riquezas, todos os seus segredos e mistérios, a sua vida pessoal, tudo isto sintetizado no verso: ´´e abandonei os jardins do meu paraíso´´, utilizando as metáforas ela quer mostrar a sua vida antes, que vai abandonar.
No penultimo tercete ela diz que ficou sem nada, sentia-se sozinha e desprotegida. Sentia-se sozinha num mundo tao grande, sem nada ela ia começar sua vida de novo. Num mundo tao cruel ela vai construir a vida dela, começando tudo de novo. No último tercete ela diz que o seu amado vestiu-a com seus gestos, isso quer dizer que ele deu lhe todo o seu amor para ela conseguir enfrentar o novo mundo junto a ele. Quando amamos e somos amados podemos considerar nos umas pessoas felizes e completas!!!! O sujeito poetico utiliza muitas metaforas como por exemplo :´´por isso com os teus gestos me vestiste´´. O tema deste poema é o amor. Está escrito em versos soltos, os versos que nao rimam um com o outro, com palavras mais simples de entender. O número de sílabas métricas é irregular. O assunto é amor num mundo tao cruel e cheio de desigualdade, é luta pelo seu bem e pela sua felicidade.
Na minha opiniao a poetisa atravez deste poema quer transmitir-nos uma ideia que é lutar pelos nossos objectivos apesar de tudo. Ela diz que o amor é mais belo que o paraíso, mais rico que pérolas. Se alguma vez tiveres apaixonado considera que ja viveste o seu mundo!!!
Vida e obra da Sophia de Melo
Sophia de Mello Breyner Andresen Poetisa e contista portuguesa, nasceu no Porto, no seio de uma família aristocrática, e aí viveu até aos dez anos, altura em que se mudou para Lisboa. De origem dinamarquesa por parte do pai . Frequentou o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa .
Teve uma intervenção política empenhada, opondo-se ao regime salazarista e também, após o 25 de Abril, como deputada. Presidiu ao Centro Nacional de Cultura e à Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Escritores.
em suas obras, sobretudo em histórias para as crianças descreve as praias o mar como sítios de paz...
Sua obra literária baseia se na desigualdade das pessoas e a injustiça no mundo... mas sempre nos seus poemas aparece a imagem da natureza. Durante a sua juventude participou nas muitas revistas....
Na lírica, estreou-se com Poesia (1944), a que se seguiram Dia do Mar (1947), Coral (1950), No Tempo Dividido (1954), Mar Novo (1958), O Cristo Cigano (1961), Livro Sexto (1962, Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores), Geografia (1967), Dual (1972), O Nome das Coisas (1977, Prémio Teixeira de Pascoaes), Navegações (1977-82) e Ilhas (1989). Este último voltou a ser publicado em 1996, numa edição de poemas escolhidos acompanhada de fotografias de Daniel Blaufuks. Em 1968, foi publicada uma Antologia e, entre 1990 e 1992, surgiram três volumes da sua Obra Poética. Seguiram-se os títulos Musa (1994) e O Búzio de Cós (1997). Colaborou ainda com Júlio Resende na organização de um livro para a infância e juventude, intitulado Primeiro Livro de Poesia (1993).
Em 2001, foi distinguida com o Prémio Max Jacob de Poesia, num ano em que o prémio foi excepcionalmente alargado a poetas de língua estrangeira.
Em Agosto do mesmo ano, foi lançada a antologia poética Mar. Em Outubro publicou o livro O Colar. Em Dezembro, saiu a obra poética Orpheu e Eurydice, bem como o amor entre Orpheu, símbolo dos poetas, e Eurídice, que a autora recupera num sentido diverso do instaurado pela tradição helénica.